Utilizando o design como meio para inclusão, o papel da pessoa que trabalhar com User Experience pode ir muito além da experiência e influenciar em outras áreas além do produto.
Mais do que uma conferência, um convite para reflexão, este ano aconteceu mais uma edição da conhecida #UXCONFBR — o maior evento brasileiro sobre Design para Experiência do Usuário.
Junto a mais de 400 pessoas, também participamos de mais uma edição para contribuir e interagir com a comunidade.
Além de assistir diversas palestras que falavam, de forma direta ou indireta, sobre a importância da experiência das pessoas, neste ano a conferência abordou tópicos que não são tão discutidos no nosso dia a dia, e também sobre a importância da nossa profissão para a inclusão e acessibilidade das pessoas.
Embora o design esteja com um momentum interessante para os negócios, ele também pode ser uma ferramenta para promover a inclusão. Ou melhor, o poder que o design tem em si para empoderar as pessoas e transformar diferentes realidades.
Este ano também tive a oportunidade de contribuir com essa discussão através da minha apresentação sobre o meu artigo “precisamos falar de acessibilidade nos chatbots”, mas o mais legal de tudo foi poder interagir com outras pessoas que também veem o design como meio para inclusão, para dar voz às minorias — e refletir sobre o momento que estamos vivendo em diversas esferas:
Dividida em três dias de muito conteúdo, desde workshops até apresentações mais longas, queria aproveitar este momento para fazer alguns highlights da conferência:
A “existência como forma de resistência”, do Matheus Lamoço, nos trouxe uma reflexão sobre como as questões de gênero, sexualidade e raça precisam fazer parte do nosso dia a dia, principalmente numa profissão que no próprio nome exige a empatia (experiência).
E em uma continuação da conversa, a Caroline Guilherme subiu a palco para falar sobre “como incentivar o empoderamento feminino me fez uma designer melhor?”, afinal, temos o poder de aplicar a empatia para mudar a nossa realidade:
Quando o Design se torna meio facilitador, ele pode influenciar na acessibilidade das pessoas, inclusive na construção de melhores produtos — é como o Juan Martín Garcia apontou em sua palestra: “La accesibilidad debe ser pensada para todos”.
Além disso, também aprendemos mais sobre a relação conturbada entre UX e economia comportamental com o Ricardo Couto, que pontuou muito bem:
Além do design como meio para inclusão, o que mais vimos?
Mas o evento não foi apenas sobre acessibilidade, empoderamento e reflexões. Também tivemos muitas fontes de inspirações e compartilhamento de outros tipos de conteúdos, como por exemplo:
- Design critique, da Letícia Pires, como o segredo para segurança emocional de designers;
- Isso a TV não mostra! As cabeçadas que dei projetando para SmarTVs, da Tamy Lemos foi sem dúvida uma grande fonte de inspiração — afinal, ela se sentiu desafiada na edição de 2017 a vir palestrar, e eis que veio apresentar não apenas as suas experiências, mas também seus erros;
- O (re)surgimento das Natural User Interfaces (NUI) com a apresentação sobre “a interface invisível é mesmo invisível?” da Lucia Spier;
- A famosa pesquisa da Caroline Leslie sobre o Panorama do Mercado de UX (2017) — todo ano ela contribui com a comunidade;
- Os tapas na cara e as estratégias de mensuração para Produtos Digitais com o Huxley Dias: “Um dos maiores erros das empresas é a obsessão por dados sem ter estratégia sobre o que fazer com eles”;
- Uma das experiências mais incríveis: criar um app pra índio — isso tudo através de um processo de estudo e empatia com os índios apresentado pelo Thiago Hassu;
- Usando jobs-to-be-done em entrevistas qualitativas na prática com o Sérgio Schüler.
No final do evento, saímos com a esperança e várias reflexões de que podemos, sim, ser agentes de mudança na sociedade e nas empresas que representamos. Ainda mais quando temos uma comunidade mega engajada com a causa e com o compartilhamento de conteúdos!
Parabéns a UXCONFBR e as pessoas que participaram direta ou indiretamente do evento. Ano que vem tem mais 🙂
Caio Calado
Chatbot Advocate na Take